História

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Vestígios de uma pequena ponte romana existente no lugar de Passadouro, confirmam a passagem da estrada romana que ligava Portus Cale (actualmente Porto) a Conímbriga, por esta zona. O facto de existir essa estrada poderá ser a razão pela qual o espaço geográfico agora denominado Passadouro e Caniçal ser, nos princípios do século XIII, a zona mais importante da Vila. É o que se pode depreender do facto das inquirições mandadas fazer por D. Afonso II em 1220, referirem a existência da povoação “Canisaes” com 12 casais pertencentes ao Bispado de Coimbra, e não mencionar o topónimo Troviscal.

É de crer que, com o passar do tempo, e com o declínio da dita via romana, a povoação tenha crescido mais para noroeste, a tal ponto que, quando em meados do século XVIII foi construída a igreja paroquial, a sua localização definitiva se tenha vindo a verificar no lugar de Toviscal, já depois de, ao que parece, os seus alicerces terem sido abertos no Caniçal.

Abrangida desde a Idade Média, sucessivamente pelos termos forais de Recardães e S. Lourenço do Bairro,  Troviscal veio a pertencer definitivamente ao concelho de Oliveira do Bairro por meados do século passado.

A construção tradicional utilizava o adobe de barro e terra, seco ao sol ou ao forno, como se pode verificar pelos vestígios ainda existentes em alguns muros e paredes. A pedra de Ançã foi também muito utilizada, como se pode ver na igreja matriz (de 1767), em jazigos no cemitério velho e em algumas casas ainda existentes. A telha de barro parece ter sido por aqui sempre utilizada, bem como algum azulejo.

A agricultura foi sempre a actividade dominante, o que estará associado ao grande surto de emigração que se verificou pelos finais dos anos 50 e seguintes.

De suma importância para a história mais moderna do Troviscal foi a chegada, em 1909, do professor José Oliveira Pinto de Sousa, que, a par do seu exercício do Magistério Primário, começou a ensinar música aos seus alunos, o que lhe tornou possível a fundação, em 1911, da Banda Escolar do Troviscal.

Alcançando a breve trecho apreciável nível artístico, a célebre banda viu o seu nome e o da sua terra projectados em todo o país, por causa de um longo conflito com as autoridades eclesiásticas de Coimbra em virtude da sua interdição, e das posições honrosas que conquistou em sucessivos certames, nomeadamente em Viseu, Figueira da Foz e Aveiro.

Impedida de participar em cerimónias religiosas, a banda concentrou os seus esforços em concertos para que era solicitada por grupos e apoiantes de quase todo o país, num movimento de solidariedade sem precedentes. Para dar uma ideia da dimensão nacional do conflito citemos as palavras de D. João Evangelista Lima Vidal, Bispo da diocese de Aveiro, então recém-restaurada, que a dado ponto afirma no seu decreto de desinterdição de 07 de Setembro de 1939, “satisfeitas as exigências canónicas, temos a satisfação de levantar o interdito que pesava sobre a música do Troviscal. Dêmos todos muitas graças a Deus por ter podido chegar em boa consciência ao feliz êxito desta amargura que por tanto tempo se prolongou”.

Comentando ainda os ecos que o decreto imediatamente tivera em toda a imprensa diária, escrevia o prelado: “Ela é uma notícia imensa não só para a diocese, que sofria a dor de mais perto, como até o país inteiro... dizia-me um dia o Excelentíssimo Cardeal Patriarca, ainda que a diocese de Aveiro não fosse restaurada por outro motivo, por este já bastava!”.

Com a morte do seu fundador em 1943 viria a extinguir-se a famosa banda, deixando na memória de todos uma lembrança e uma saudade.

Trinta anos volvidos, um grupo de Troviscalenses em gesto nobre de gratidão para com o insigne professor e maestro, promove a erecção do seu busto e assim perpetua o período ímpar na vida da até então quase anónima freguesia.

 

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